Cerrado tem pesquisa pioneira sobre o estoque de carbono em terras indígenas
Estudos sobre a quantidade de carbono em áreas indígenas poderão gerar créditos de carbono que, depois de vendidos no mercado mundial, garantirão renda extra para indígenas. Trata-se do “Projeto-Piloto Poço de Carbono Aldeia Belém”, que integra o Projeto Aldeia Sustentável – A’uwë Uptabi, elaborado pelo Instituto Kurâdomôdo Cultura Sustentável, e está sendo executado em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
As pesquisas sobre a quantidade de carbono estocado estão sendo realizadas na Terra Indígena Pimentel Barbosa (Aldeia Belém), do Povo Xavante, no leste de Mato Grosso. O projeto é coordenado pela engenheira florestal MSc. Cleide Arruda e pelo consultor científico, professor Dr. Roberto Silveira, e conta com uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Ecologia Vegetal do campus da UNEMAT de Nova Xavantina, liderada pelo professor Dr. Ben Hur Marimon Junior.
Os estudos, que tiveram início em maio de 2021 e a fase de coleta finalizada em agosto, contribuíram com inventários da vegetação, solos e raízes para cálculo do estoque de carbono em uma área de 1.650 hectares de cerrado, campos inundáveis e florestas de galeria na Terra Indígena.
Levando em conta apenas o carbono estocado nas árvores do cerrado ralo e das florestas de galeria da área avaliada, os pesquisadores encontraram quase seis toneladas de carbono por hectare nas porções cobertas por cerrado ralo e 30 ton C/ha nas porções cobertas por floresta de galeria.
“Considerando a cotação atual do crédito de carbono, de cerca de 57 euros por tonelada, os indígenas poderão ter um potencial de renda de no mínimo 342 euros por hectare, o que daria um total em toda a área de preservação equivalente a cerca de 3,5 milhões de reais nas cotações atuais”, revela o professor da UNEMAT, Dr. Ben Hur Marimon Junior, um dos colaboradores do projeto.