Projeto Aldeia Sustentável – A’uwe Uptabi
Maio de 2019, o Cacique Paulo César Tsere’urã, da Aldeia Belém, da Terra Indígena Pimentel Barbosa, busca o Parlamento Estadual, mais precisamente o Gabinete da Deputada Estadual Janaína Riva, com um pedido certeiro e necessário: precisamos de ajuda para sermos independentes. A assessora parlamentar, Tania Arantes, comovida, empenha-se a buscar parceiros para suprir uma necessidade coletiva. Encontrou no Instituto Kurâdomôdo Cultura Sustentável, não somente parceria, como ensejo pelo mesmo sonho. E essa ponte foi se estendo a tantos outros parceiros: AIX – Associação Iteró Xavante; a FUNAI – Fundação Nacional do Índio; a SAI – Secretaria Especial de Assuntos Indígenas de Mato Grosso; a SEAF – Secretaria de Agricultura Familiar de Mato Grosso; a EMPAER – Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural; a SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Comitê Estadual de Gestão do Fogo; o IFMT – Instituto Técnico Federal/MT; a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso; a Prefeitura Municipal de Canarana; e outras instituições como a UNEMAT – Universidade de Mato Grosso; o MAPA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento/MT; o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente/MT; o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas/MT.
Até a ponte encontrar a outra margem: o edital do FUNBIO, relativo ao Programa REM Mato Grosso – Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais.
O projeto Aldeia Sustentável – A’uwe Uptabi foi contemplado pelo edital Projetos 03/2020 REM MT – Subprograma Agricultura Familiar/Abril 2020, oportunizando assim, que as multiplicidades tornassem unas no mesmo objetivo: a autonomia econômica, alimentar e cultural dos Povos Xavante, e de forma sustentável.
Esse trabalho coletivo, encabeçado pelo Instituto Kurâdomôdo, pretende apoiar a implementação de ações prioritárias para o povo Xavante da Aldeia Belém, T.I. Pimentel Barbosa, cujo piloto retomará práticas tradicionais de cultivo e plantio; de queimadas culturais controladas ou prescritas (para a caça, por exemplo); de coleta de frutos e sementes (praticada pelas mulheres); e dos hábitos alimentares. Replicar o piloto para as demais 15 aldeias da T.I. Pimentel Barbosa, faz parte da ação criada para transformar cadeias produtivas de alto impacto no desmatamento em cadeias de baixo carbono e ambientalmente sustentáveis.
E as atividades já começaram! No trabalho de campo realizado nos meses de dezembro de 2020, janeiro e fevereiro de 2021, já foram realizadas diversas tarefas que geram realidade a esse sonho coletivo. A exemplo, a germinação das mudas de pequi xinguano, que já trazem verde novo ao viveiro, enquanto a agrofloresta em forma de cocar se desenha, este, sendo feito pelos técnicos do Instituto Kurâdomôdo e da EMPAER, com a participação de todos os indígenas da Aldeia.
O Projeto Aldeia Sustentável – A’uwe Uptabi, na Aldeia Belém, terá a duração de dois anos, previstos no edital. Nos primeiros meses, já vivifica a dignidade desses povos, que não são meros receptores, mas a principal mão que desenha e fertiliza a terra, que dialoga e reza o projeto, que sustenta e preserva o sonho, e que, acima de tudo, realiza a proposta.
Avante, Xavante.